Ultrapassando a rotina do dia a dia; excedendo os limites
territoriais de sua existência; indo além da percepção direta de seus sentidos
os homens colocaram para si, em todos os recantos da Terra, as questões fundamentais
da vida e da morte; da natureza e da sociedade; dos seres visíveis e
invisíveis.
Os historiadores colocam nos séculos VI e VII antes de
Jesus Cristo o momento em que em vários lugares da Terra surgiram ideias
articuladas a partir das quais se estabelecem as bases para o desenvolvimento
da razão humana em direção ao futuro.
Na China o taoismo assenta o grande princípio da ordem
universal. Confúcio define a busca
de um caminho superior (Tao) como forma de viver bem e em equilíbrio entre as
vontades da Terra e as do céu propondo uma sociedade e uma pessoa virtuosa que
orientam a ética e a razão chinesa até hoje.
Na Índia o hinduísmo através do livro sagrado “Os Vedas”
mostrou as verdades eternas reveladas pelos deuses: a ordem que rege as coisas
e os seres tratando também sobre a origem da natureza e do mundo.
No Oriente Médio os hebreus conceberam a noção de um Deus
único, criador, senhor e sustentador de todas as coisas.
O que se deve observar é que inicialmente, resolvidas as
questões relativas à sua sobrevivência material, o que sem dúvida lhes dá
oportunidade de desenvolver os primeiros conhecimentos técnicos, os homens
colocam para si as questões fundamentais da própria existência.
Daí advindo, para a maioria dos autores, o conhecimento
mítico, o conhecimento religioso, o conhecimento filosófico e o conhecimento
científico. O grande desafio atual é conciliar o chamado conhecimento
tradicional com o conhecimento científico.
A civilização cristã ocidental percorreu um longo caminho
até chegar à forma atual da sua maneira de pensar e raciocinar.
A partir do renascimento e com a consolidadação da
sociedade capitalista tornou-se hegemônica a forma de praticar a ciência que
tomou o nome de positivismo.
Entretanto existe uma outra maneira de se entender e fazer
ciência que é o materialismo histórico e
dialético ou como dizem outros um método histórico e social.
O materialismo histórico e dialético parte da dimensão
dinâmica da realidade dos seres. É uma forma de pensar a realidade em constante
mudança.
Para o materialismo histórico e dialético existe uma
ligação intrínseca entre a sociedade e a natureza de forma que é impossível
entender a vida da sociedade humana fora de sua ligação com a natureza.
Foi no seu relacionamento com a natureza através do trabalho
produzindo e utilizando ferramentas que o homem evoluiu, se separou e
se distinguiu dos outros animais desenvolvendo o cérebro e adquirindo outras
características próprias.
Entre estas características se destacam a comunicação
articulada pela linguagem e a sociabilidade.
Dinstinguindo-se e separando-se
dos outros animais o homem se torna um ser social.
O materialismo histórico e dialético parte do princípio de
que os fatos humanos são historicamente determinados e que estas determinações
cientificamente observadas e analisadas permitem e garantem a interpretação e o
conhecimento desses fatos podendo até descobrir suas leis.
O materialismo é
dialético porque considera que o mundo é por sua natureza material
existindo independentemente das sensações humanas. O materialismo histórico e
dialético considera ainda que a matéria se encontra em contínuo movimento que se realiza no espaço e no tempo.
O movimento, o
espaço e o tempo são as formas fundamentais de existência da matéria.
Deve-se observar que o materialismo histórico e dialético entende o movimento
como todas as transformações que ocorrem no universo desde os mecanismos mais
simples da natureza aos processos mais complexos do pensamento humano.
Historicamente determinados significa que os fatos sociais
são criados por pessoas que têm interesses individuais e da classe a que
pertencem. São esses interesses sociais, políticos, econômicos conflitantes e
divergentes entre as classes sociais que fazem a humanidade caminhar em direção
ao futuro.
É nesse caminhar coletivo onde ocorrem os processos
sociais econômicos e políticos que determinam as transformações históricas. A
geografia e a história de uma sociedade não se faz individualmente.
O materialismo histórico e dialético demonstrou que os
fatos humanos são produzidos em condições objetivas concretas onde os homens
pensam e realizam suas ações.
As primeiras ações humanas no sentido de prover a própria
sobrevivência colocam os homens em relação com a natureza iniciando o processo
de construção do território humano através do trabalho.
É preciso enfatizar que a relação dos homens e das
mulheres com a natureza no sentido de prover a própria sobrevivência não se dá
de forma individualizada e sim de forma coletiva, socializada.
Isso nos aponta que a sobrevivência atual dos seres
humanos, em face dos gravíssimos problemas criados pelos processos produtivos,
particularmente pelo capitalismo exige soluções coletivas globais.
Procedimentos individuais, isolados podem até ajudar, mas o tamanho do problema
é de tal ordem que exigem soluções globais.
Nesse trabalho de construção da própria territorialidade
os homens criam organizações, instituições, (a família, por exemplo), ideias,
valores e símbolos que dão sustentação e legitimidade a essas instituições e
práticas. São as chamadas ideologias.
Portanto, o materialismo histórico e dialético mostrou a
alta correlação positiva existente entre a base material das edificações,
construções e instituições produzidas pelos homens e as ideias, valores e
práticas utilizados para justificarem e legitimarem essas instituições e
situações.
Concluindo afirmamos que a ciência se coloca na História
da Humanidade tentando dar explicações verdadeiras aos fenômenos que envolvem
toda a existência humana e a natureza.
É nessa busca apaixonada e apaixonante que o homem tenta
libertar-se de todas as alienações e entraves que o escravizam e o impedem de
encontrar a plena felicidade. Não tenhamos dúvida ou temores: “A VERDADE NOS
LIBERTARÁ”.
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